domingo, 26 de dezembro de 2010

Soneto do Amor Total





Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinicius de Moraes

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quebra cabeça




Por todos os lados, todos os pedaços em uma sala de estar.
Por todos os lados, memórias, fragmentos que não vão se encaixar.
Por todos os lados, mentiras que nunca foram deixadas escapar.
Por todos os lados, um corpo sem dono, sem casa, sem lar.

Juntando os pedaços, os sonhos procuram onde se agarrar.
Juntando os pedaços, lembranças doces de uma manha meio estranha.
Juntando os pedaços de uma vida louca ao mesmo tempo insana.
Juntando os pedaços, não existe mais nenhuma esperança.

Onde estão as outras peças?
Onde estão as outras brechas?
Onde estão os outros sonhos?
Onde está você?

Esperar




Meus sonhos foram esquecidos,
Meus dias deturpados,
Hoje eu cansei de me sentir usado.

Temia a separação a falta dos seus cuidados,
A falta dos beijos, dos carinhos, dos abraços,
Mais não se teme o que se já se tem acabado.

Sofria por querer perto por me importar,
Brigava sempre por isso; - cobrar,
Hoje eu cansei de esperar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estadia

O barulho da chuva caindo no lado de fora o acorda, lentamente ele abre os olhos e analisa ao seu redor sem mexer nenhum músculo, logo após, ele fecha os olhos novamente e concentra seus ouvidos no impacto da chuva ao chão e aprecia o cheiro de terra molhada abrindo novamente os olhos e se sentando na cama. Mais a frente saindo da cozinha uma mulher trajando um longo kimono se aproxima com uma bandeja na mão:
- Deve está com fome, preparei um pouco de comida para você, não temos muita coisa, mas, acho que isso vai fazer você se sentir melhor senhor... Como você se chama?
- Eu não tenho nome.
- Como assim? Fala sorrindo a garota e continua – Todos têm um nome, nossos pais nos chamam por ele deis do momento em que nascemos!
- Eu não tenho pais.
- Você nasceu de um ovo por acaso?
A garota se surpreende com forme o rapaz misterioso dava as suas respostas assumindo uma postura seria e franca enquanto pegava o rachi e se preparava para comer.
- Sim.
- Sim o que? Pergunta curiosa.
- Eu nasci de um ovo.
Nesse exato momento ouvem-se sons de vários cavalos, a garota se distrai da resposta do rapaz e segue para porta com intuito de averiguar o que estava acontecendo, o homem segue comendo. Era uma vila distante não muito freqüentada e dificilmente forasteiros apareciam; fora esse homem que surgiu na noite anterior pedindo abrigo e portando uma katana. Ao chegar à porta a jovem vê oito homens a cavalo todos armados e portando uma armadura vermelha, um deles tinha em sua ombreira tiras douradas e no peitoral o símbolo yin-yang em tonalidade vermelho e branco, ele faz um movimento circula com o dedo e três homens a cavalo começam a circular pela vila foi em tão que o homem que se destacava se pronunciou:
- KYONSHE! – APAREÇA, É O ULTIMO AVISO!
Os moradores da vila surgem nas portas das suas casas olhando amedrontados para os cavaleiros mantendo seus filhos dentro de casa em quanto a chuva caia do lado de fora, foi quando um senhor, o líder da vila, surgiu de uma cabana e se aproximou passando pela lama e indo em direção aos homens:
- Senhores, não conhecemos nenhum Kyonshe, por favor vão embora.
- Não conhecem? Fala o líder – Mesmo? Devo está cego, mas vejo somente uma pessoa, você fala por todos eles?
- Sim. Eu sou o representante dessa vila e gostaria que os senhores fossem embora.
O rapaz desse do cavalo rapidamente e vai em direção do velho e em um movimento rápido embainha uma katana e corta o senhor ao meio. Demora em torno de cinco segundos para que os lados se dividissem mantendo o senhor congelado durante esse tempo com uma feição assustada e surpresa, logo após o sangue, esguichando de cada lateral; metade para um lado, metade para o outro e o corpo cai ao chão.
- Ninguém me da ordem. - QUEIMEM TUDO, NÃO DEIXEM NINGUEM VIVO!
A garota que via tudo isso acontecer de sua porta entrou desisperada e foi em direção ao convidado:
- Por favor, nos ajude, você é um samurai não é? – Nos ajude eu imploro! Falava chorando a jovem em quanto o homem se mantinha degustando seu prato de arroz.
- Você não tem sentimentos? Eles vão matar todos nós! – Se você puder fazer alguma coisa, faça! E ele se mantém comendo de cabeça baixa até que termina e vira seu semblante para jovem:
- Eu devo somente a você pela estadia, não tenho nada a ver com os outros, se quer proteção terá proteção, mas, não poderei fazer nada pelos seus amigos e parentes.
- O QUE? Por favor ajude eles, eu faço qualquer coisa, QUALQUER COISA!
- Qualquer coisa?
- SIM!
- Então tudo bem. O rapaz se levanta, veste seu kimono preto e coloca a sua katana na cintura e direciona o olhar para a jovem – Lembre-se você disse qualquer coisa.
- Sim, eu disse! Agora vá, ajude eles por favor!
O homem sai da casa olhando para os homens a cavalo, ele se direciona para o centro da vila os homens que estavam circulando a vila vão em direção dele ficando cada um em uma lateral e do meio dos outros mais um se aproxima o cercando. O líder deles passa por cima do corpo do senhor e se aproxima uma distância de dez metros do rapaz cercado.
- Eu sabia que ia te encontrar aqui, venho seguindo o seu rastro já faz muitos dias e finalmente o encontrei.
- Vejo que perdeu muitos homens. Fala com um sorriso no rosto – É melhor ir se não quiser perder mais.
- NINGUEM, ME - DA - ORDENS! - ATAQUEM!
Todos os homens vão para cima do rapaz, os quatro que estão ao redor dele flexionam as lanças para acertá-lo; tarde de mais. Em um movimento de desembainha a katana ele gira 360° parando no mesmo lugar agachado com a katana posicionada para cima segurando-a de uma única mão, os homens que estão indo para cima param e observam, os que estavam perto e seus cavalos, caem aos pedaços no chão.
- Ninguém mais precisa morrer Kuraken, vá embora, poupe seus homens. Ele sorri.
- Miserável você não estará rindo quando eu arrancar-lhe a cabeça! – ATAQUEM!
Mais os homens estavam temerosos e relutaram em aceitar a voz de comando do seu senhor e se mantiveram parados tentando não se borrarem.
- EU MANDEI ATACAR!
- É o melhor que vocês fazem senhores, deveriam deixar esse louco e voltar para suas famílias, suas filhas e seus plantios de arroz. Fala retrocedendo a posição inicial.
Os homens olham um para o outro confuso, com medo e partem largando o seu senhor na vila em meio a uma chuva densa.
- Desculpe senhor, ele não é humano, nós temos mulheres e filhos, desculpe!
- Miseráveis voltem, eu irei encontrá-los e matarei suas famílias. Fala severamente com os homens, e eles dando as costas e puxando as rédeas dos cavalos balbuciam:
- Então espero que o senhor não retorne, senhor.
- Hahahaha!
- MALDITO! ESTÁ RINDO DO QUE? VAMOS, DIGA, EU SOU UM GRANDE GENERAL DAS FORÇ...antes que termina-se a frase metade de sua cabeça já se encontrava no chão e o rapaz em suas costas novamente guardando a katana.
- Estou rindo de um homem que saiu de tão longe, perdeu vários homens na jornada e me seguiu durante dias para morrer em uma vila mórbida no fim do mundo.
A chuva cessa, o sol mostra o seu semblante e o samurai fecha os olhos sentindo a brisa passar. As pessoas vão até ele e agradece, beijão suas mãos em quanto oferecem recompensas pelo feito, mas, ele as recusa dizendo que não é necessário que já existe alguém que irá paga-lo.
Retornando para dentro da casa ele encontra a jovem atrás da cama chorando totalmente tremula e assustada, ele senta na beira da cama e fala com ela olhando em direção oposta:
- Bom, eu salvei sua vila. E vim cobrar o que você disse.
Levantando o rosto ela o observa e com os lábios tremendo sussurra algumas palavras:
- E o que você quer de mim?
- Tire as roupas.
A jovem se surpreendeu com o pedido, mas, não podia fazer nada, então as tirou. Seu corpo era liso, porem estava sujo, seus longos cabelos negros lisos tocavam suas nádegas que por si só davam uma certa redundância ao seu corpo.
Virando para a jovem e olhando bem no fundo dos seus olhos vendo todo o medo e terror que a garota sentira nesse momento ele segura a sua mão trêmula e diz:
- Deite na cama.

sábado, 4 de dezembro de 2010

pureté sans âme

Tive momentos e momentos em minha vida,
Tive sonhos e loucuras tão reais como o dinheiro,
Tive momentos insanos com pessoas que nunca imaginei,
Conheci o obscuro e me joguei na tumba do faraó,
Descobri que os loucos tem seus motivos para não andarem só.

Desmembrei o tempo em um momento único,
O presente momento contínuo que não para e sempre existe,
Fazendo de tudo que se é feito e dito registrado e definido,
Descobri que o social não existe, existem regras a serem seguidas,
Defini que seria tudo que imaginasse nessa minha vida.

Menti sobre lugares, sobre pessoas e sobre mim mesmo,
Criei uma imagem interna de mim que me da até medo,
Destruir a criança que chora dentro do meu peito,
Se eu fosse um herói seria o Demolidor o homem sem medo.

Mudei de sexo; provei outros beijos,
Fui ativo em minha vida toda e sempre com êxito,
Tive dias tão difíceis que nem a poluição da cidade me agradava,
Tive brigas tão dolorosas que a morte eu cobiçava,
Vendi 1/3 da minha alma.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Saudades

Não consigo esquecer,
o ultimo beijo de adeus,
o seu toque junto ao meu.

Não consigo viver,
sem metade do meu ser,
incompleto de corpo e alma.

Não consigo fingir,
gosta do tempo e do espaço,
vazio por habito devo ser.

Não consigo resistir,
minha mente não me permite,
deixar de ter saudades de você.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Insônia




O relógio canta a melodia do tempo,
As horas passam sem que consiga perceber,
O dia virou noite e depois virou dia sem amanhecer.
A madrugada silenciosa é extremamente barulhenta,
Varias vidas lá fora seguindo perante a penumbra,
A brasa do cigarro queima e em seu queimar parece musica.

sábado, 5 de junho de 2010

Um monstro chamado coração

No inicio ele é doce, delicado e compreensivo,
Com o tempo ele se torna seu pior inimigo,
Um monstro chamado coração.

Os dias passam e a fera faminta,
devora as vidas da queles que sedem a emoção,
estando junto da fonte infinita chamada coração.

Um orgão importante cheio de superstição,
muitos dão a vida por um sentimento chamado amor,
criado por um monstro chamado coração.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

“Se a nossa existência não tem por fim imediato a dor, pode dizer-se que não tem razão alguma de ser no mundo. Porque é absurdo admitir que a dor sem fim, que nasce da miséria inerente à vida e enche o mundo, seja apenas um puro acidente, e não o próprio fim. Cada desgraça particular parece, é certo, uma exceção, mas a desgraça geral é a regra.”

domingo, 25 de abril de 2010

"Acabou chorare"

O barulho das árvores e dos pássaros,
ecoam em meus ouvidos metodicamente,
como o som de uma orquestra que nunca existiu.

Vagando por dentro do bosque atentamente,
procurando a flor mais linda de todas no jardim,
uma rosa se destaca no meio das outras.

Perdido na floresta interna dos pensamentos,
sentado no bosque dos sonhos de frente para a linda flor,
eis que surge um sorriso de canto de boca.


http://www.youtube.com/watch?v=YyZfqasmb8U

sábado, 13 de março de 2010

Um dia uma garota ganhou um vaso,
um vaso, repleto de agua;
seu recipiente de fato se encaixava,
sendo o formato de onde estava.
Dentro dele se escondia o amor;
a fruta que cada pessoa guardava,
o vaso era o corpo que mantinha a alma.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A verdade

Um amontoado de carne sobre ossos,
Filho dos ventos do sul e do norte,
Encantando o pouco que se tem encanto.
Perdido no presente contínuo momento,
Fechando feridas que nunca param de sangrar,
Como um coração em uma maquina de tricô.
Ele segue sem tempo e sem nada,
Andando, regurgitando preces e sonhos:
Anda dois quarteirões morrendo no final da rua.

Escuridão

Um desenho rabiscado de intenções.
Um beijo turvo em meio a nevoa.
O frio gelido dispensa o medo da escuridão.
Então ele olha para o céu.

O inverso vem e a solidão disperta no peito.
O medo persiste e insita ir embora.
Ilusão de otica ou de coração.
Ele se batiza senhor de sí.

Filho do carvalho e do tempo.
Um pai impiedoso e continuo.
em quanto ele abre os braços esperando a cura.
É esquecido e morre velho e sozinho.

Ela

Leio seus lábios em beijos intensos,
caminho na estrada das suas pernas;
procuro proteção, abrigo.

O frio gélido da madrugada,
toca suavemente a superfície da lua,
parecem se entender, parecem ser um só.

A noite se vai lentamente,
e ela me deixa com um suspiro e um beijo,
que decifro como amor.

Mulheres do meu tempo

Não sabem controlar suas saias,
banalizam seus corpos, suas palavras,
vivem de acordo com o descaso sentimental;
sobem e dessem trepando nos troncos,
vulgarizando, distorcendo os momentos,
putas de bares, putas de clubes,
no final das contas quem nunca conheceu uma?