sábado, 31 de janeiro de 2009

Minha pequena





Quando canto aos quatro ventos,
eles me pedem para cantar mais baixo;
eis tarde, devo respeitar o horário,
mas, como não gritar, não sentir, não viver,
se cada passo que dou, uma canção lembra-me você:
- "Minha flor, meu bebe"...
consegue ver?
Foram tantas dores no passado,
que hoje não me importo em sofrer,
espero nos teus beijos e abraços,
somente o gosto do mel; um cálice,
no qual nunca cansarei de beber.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Antes & Agora

Minhas memórias perdidas,
extraída da nostalgia da vida;
a cédula que uso para comprar o presente.
Meus momentos compartilhados,
em pedaços, reconstruídos por novos laços,
mostram-me que sempre estive ausente.
Minha vida multicolorida,
baseada em injeções de sentimentos,
se torna cheia e ao mesmo tempo enchente.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Socializando a miséria.

Contar-lhe-ei uma historia, não tão bonita; simplória, de um garoto chamado Pedrinho. Negro, pobre, morador de um apartamento subaquático; sim, Pedrinho morava nos alagados. Sempre contente, sempre sorrindo, independe dos barulhos de tiros, " quando se vive na dor, se desconhece a felicidade", e assim Pedrinho seguia, entre a cruz e a espada, entre o homem de bem e o bandido, entre a fome e "dar-se um jeito".
Um certo dia a mãe do garoto o chamou para conversar. Dizia para ele ter cuidado, para ele ver a vida com outros olhos, para ele lutar pelos seus sonhos; Pedrinho tinha 8 anos. Dois anos depois a mãe de Pedrinho morreu em uma troca de tiros entre traficantes e policias. Pedrinho chorou, não ria mais; jurou não sofrer nunca mais.

Um jovem é morto em uma operação da PM. A suspeitas do seu involvimento com o trafico de drogas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O anjo de longe.

Existe um anjo que sempre me atormenta,
me mostra o céu não tão presente da sua presença,
me corta nas palavras o que eu sinto em essência,
me risca em linhas tortas desenhando suas crenças,
e chora quando digo que o sonho não passa de sonhar.

Existe um anjo que sempre me anima,
canta canções dos tempos da brilhantina,
com um sorriso tão gigante que me ilumina,
com um rosto tão expressivo; me fascina,
e é tão bonito; que pena que a distancia é a nossa inimiga.

Fases

Trilhei muitos caminhos;
acompanhado, mas sempre sozinho,
busquei na imperfeição dos atos o que tinha perdido.

Trilhei muitos caminhos;
ruas, becos, vielas, cortiços,
tantas foram as rodas, tantos foram os motivos.

Trilhei muitos caminhos;
fui Deus e o diabo em muitas peças,
e inexplicavelmente todos me aplaudiram.

Trilhei muitos caminhos;
cantei em ouvidos, dirigi por horas em muitos corpos,
cansado da dor, dos cortes, das chagas, hoje canto só e não me importo.

Trilhei muitos caminhos;
e posso lhes confessar que quase me sinto sozinho,
inevitavelmente obvio para quem trilhou tantos caminhos.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Final de linha.

Guiando meus passos por ruas que nunca tinha entrado,
me lembro constantemente do passado, que me grita e me avisa do pecado.
Ameaçava-me visivelmente; devora minha mente, como o prato esquentado na madrugada.
Em quanto na loucura via estrelas cadentes, estendia os dentes, minhas palavras vacilavam.
Sorria por está carente, por ser presente, em meu enorme mar eles navegavam.
Em meio a tesouros e piratas, caçadores e caças, me via jogado em vez de mar, como carcaça.
O dia foi nascendo e as formas sendo desenhadas,
lembrei do sono não obtido, do óbito do amigo, e percebi quando ele acordava:
mais frases, mais motivos, mais receios; a estrada.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pessoas.

São livres, soberanos, reis e rainhas de raios solares que bronzeiam suas peles. Donos de margens, traços, linhas, riscos; todos em mim, tudo de mim neles: "Que se perde em cada noite, que se acha em cada amanhecer". É pouco o contato, perdidos entre milhares de olhares, se encontram dois, as vezes, um olha para o outro, o outro olha, foge, se perde na multidão de duplas visões e acaba se encontrando nos olhos de um amigo. São foices que cortam diariamente, são agulhas enfiadas constantemente, produtos da dor, da ganância e do medo, e mas tardar da loucura. Filhos do som, do sentir, do sentir-se bem, esqueceram o amor, esqueceram a verdadeira dor; eu esqueci? Não tenho medo do presente passado constante, mas, intimidar-me é o que ele sempre consegue fazer. Devoram suas vidas com ânsia e extrema fome, vulgarizam seus momentos reduzindo-os em sentimentos que sempre somem, esses somos nós, os homens.